Passei o dia hoje com um sentimento dentro de mim, que eu não sei definir ou identificar, mas que com o passar dos minutos, horas só aumentava.. Talvez o que eu sinta, eu já tenha sentido outrora, talvez eu até saiba o que realmente seja, mas no fundo eu não quero identificá-lo, eu não quero sentí-lo. Eu só quero que ele passe, bem depressa, sem lembranças.
Mas eu não consigo, os dias vão passando e ele se torna mais presente. Anseio que chegue a noite, para que eu possa adormecer e por algumas horas esquecê-lo. Nos meus sonhos eu não o sinto, mas eu sei que ele existe. Mas ao amanhecer, subitamente, eu volto a sentir, a perceber que ele não foi embora. Ele permanece em mim. Há algum tempo, tenho experimentado com amargo, o sentimento de perda, de dúvidas, angústia, indecisão, culpa, receio, medo mesmo. Sentimentos esses que me paralizam e eu não sei como fazer para agir. Às vezes nos achamos muito fortes, corajosos e tomamos atitutes que pensamos estarem certas, que naquele momento é a melhor coisa a fazer. Você se sente tão seguro, cogitando estar fazendo o que é melhor para você. Mas inexplicavelmente, horas, dias, semanas, depois, você se vê em um mar de solidão e de incerteza. Como se no fundo nada estivesse resolvido. Preferiria por alguns instantes não ter que pensar nisso, não ter que lembrar disso, não sentir. O que eu quero é acordar de manhã e não sentir o meu coração apertado, poder levantar com ânimo, e desfrutar de um dia maravilhoso que Deus me concedeu mais uma vez. Com poucas pessoas tive a oportunidade de compartilhar meus pensamentos. Embora você tenha certeza que seu amigo é seu amigo, você tem receio de revelar seus mais profundos desejos e pensamentos. Mas o pouco que tenho conversado com amigos maravilhosos, tenho refletido no que preciso fazer. Um deles me aconselhou o seguinte: Pergunte para você mesmo o que você quer! E isso ficou na minha cabeça desde então. O que eu quero?! Será mesmo que eu sei o que eu quero para minha vida? O que eu quero fazer, o que eu desejo realizar...? São perguntas que hoje me faço. No momento me veio a lembrança de uma história que me faz refletir sobre esse momento que estou passando. Que por certo irá me acompanhar por mais algum tempo.


O urso faminto

Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo.

Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.

Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.

Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo. Quando terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes.

Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.

Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a coragem e a visão que o urso não teve.

Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder. Solte a panela!

Autor desconhecido